Após a invasão russa na Ucrânia, há pouco mais de um ano, as autoridades russas têm detido e multado indivíduos que expressam sua oposição com base em suas crenças religiosas ou que utilizam materiais religiosos.
Segundo as autoridades, essas ações são justificadas pelas leis de guerra da Rússia que criminalizam o ato de "desacreditar as Forças Armadas".
Uma dos penalizados por citar a Bíblia foi Rostislav Charushin, preso em Moscou por exibir um pôster contendo citações de três dos Dez Mandamentos, incluindo "Não matarás".
As autoridades alegaram que o cartaz “expressa claramente uma atitude negativa em relação ao uso das Forças Armadas para proteger os interesses da Federação Russa e seus cidadãos”.
Charushin também foi multado duas vezes em 9 de março por "desacreditação" e violação da Lei de Manifestações, além de ter seu cartaz destruído por ordem do juiz.
Palavras de Cristo
Anna Chagina, uma musicista, também foi acusada de "desacreditar" repetidamente as Forças Armadas Russas. Ela exibiu um cartaz com os dizeres "Bem-aventurados os pacificadores" em um protesto e também postou materiais antiguerra em sua conta na rede social.
“Muitas vezes depois [da prisão], eu me voltei interiormente para essas palavras de Cristo e percebi que a pacificação começa com o que está no coração de uma pessoa”, disse Chagina ao Forum 18.
Como resultado da acusação de "desacreditar" as Forças Armadas Russas, o tribunal ordenou um toque de recolher noturno para Anna Chagina e a proibiu de usar a internet. Ela também foi obrigada a usar uma tornozeleira eletrônica para monitorar seus movimentos.
No primeiro julgamento de Chagina em 15 de março, o tribunal estendeu as restrições impostas a ela até 2 de setembro. Sua próxima audiência foi marcada para 11 de abril.
Se condenada, poderá passar até três anos na prisão ou ter de pagar uma multa até 300.000 rublos (aproximadamente 15 mil reais).
Em 8 de fevereiro, a polícia de Vladivostok, localizada no Extremo Oriente Russo, deteve um morador por exibir um pôster que incluía uma citação do sexto mandamento da Bíblia.
O homem foi detido em outras duas ocasiões por protestos semelhantes, mas até o momento, não parece ter sido formalmente processado pelas autoridades.
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