domingo, 29 de janeiro de 2017

Paquistão absolve todos os suspeitos de incendiarem mais de 150 casas de cristãos

Paquistanesa cristã chora em frente à sua casa destruída por extremistas islâmicos. (Foto: Reuters)
Paquistanesa cristã chora em frente à sua casa destruída por extremistas islâmicos. (Foto: Reuters)
Um tribunal no Paquistão no sábado alegou falta de provas e absolveu todos os 115 muçulmanos suspeitos de incendiarem de mais de 150 casas de cristãos em 2013, após terem acusados os donos das residências de terem blasfemado contra Maomé.
Um tribunal no Paquistão no sábado citou a falta de provas para absolver todos os 115 suspeitos na queima de mais de 150 casas de cristãos em 2013 por suposta blasfêmia do Profeta Muhammad.
Chaudhry Muhammad Azam, juiz do tribunal antiterrorismo de Lahore, disse que os promotores não forneceram provas suficientes contra os réus, acusados ​​de várias crimes, incluindo a tentativa de assassinato, roubo, incêndio e terrorismo, segundo informou o jornal 'Indian Express'.
Um advogado de acusação, entretanto, contestou a conclusão do juiz. "Este incidente não só espalhou uma onda de terrorismo em Lahore, mas também trouxe uma má reputação para o Paquistão".
O ataque do dia 8 de março de 2013 foi visto como a maior violência contra os cristãos desde os ataques de 2009, que mataram nove cristãos na cidade de Gojra, na mesma província de Punjab.
A polícia prendeu o acusado dois dias depois que uma multidão de cerca de 3.000 muçulmanos armados com paus, tacos e pedras tocaram fogo em pelo menos 150 casas de cristãos, uma igreja e lojas na área de 'Joseph Colony' em Lahore, após terem alegado que um cristão daquela área tinha feito comentários depreciativos sobre o Profeta Maomé.
Depois do incidente, um tribunal da Suprema Corte, liderado pelo juiz Iftikhar Chaudhry, repreendeu o governo de Punjab e a polícia da província por não proteger os membros da comunidade minoritária (cristãos).
O juiz Azmat Saeed Sheikh - membro da Suprema Corte - disse que a violência ocorreu "debaixo do nariz da Polícia de Punjab que não se mobilizou para conter os agressores".
O tribunal também disse na época que a polícia pode ter recebido ordens de não agir quando a violência irrompeu, na época.
No Paquistão, o crime de 'blasfêmia' é punível com a prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte no Paquistão.
A 'lei da blasfêmia', incorporada nas Seções 295 e 298 do Código Penal do Paquistão, é frequentemente usada de forma abusiva para atingir minorias religiosas - como cristãos e hindus, por exemplo - e permite que extremistas islâmicos e outros justifiquem seus crimes de assassinatos. Os muçulmanos extremistas acreditam que matar uma pessoa "blasfema" lhes garante uma recompensa no paraíso.
Apenas uma acusação sob a lei controversa é suficiente para ter uma pessoa presa, e não há nenhuma disposição para punir um falso acusador ou uma falsa testemunha de um caso de "blasfêmia".
Alguns muçulmanos locais procuram vingança fazendo uma acusação falsa de blasfêmia contra seus adversários, principalmente se estes desafetos declararem sua fé fora do islamismo.

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