domingo, 24 de dezembro de 2017

Não me importo que achem que sou gay', diz Hugh Jackman

Com pontos no rosto depois da retirada de um câncer de pele, Hugh Jackman foi proibido pelo médico de cantar em uma apresentação das músicas de O Rei do Show para executivos do estúdio Fox. A apresentação era parte do esforço para a aprovação do projeto. Durante parte da canção From Now On, ele conseguiu se conter, fazendo apenas expressões faciais. Mas, depois de alguns segundos, não aguentou e soltou a voz.
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O projeto do musical dirigido por Michael Gracey levou sete anos para se concretizar, com composições de Justin Paul e Benj Pasek, a dupla ganhadora do Oscar por La La Land – Cantando Estações e do Tony, o “Oscar do teatro”, por Dear Evan Hansen, sucesso na Broadway – os dois concorrem ao Grammy por ambos. São músicas modernas, que em nada se parecem com as da época em que o longa se passa, o século XIX. O ator australiano faz P.T. Barnum, que foi um dos criadores do showbusiness, investindo em um circo que tinha números com pessoas diferentes, como um anão e uma mulher barbada. No elenco, também estão Michelle Williams, Zac Efron e Zendaya.
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Apaixonado por musicais, que o levaram a produções no palco e ao longa Os Miseráveis, Jackman conta em entrevista a VEJA que sofreu preconceito por isso e que sabe dos comentários que correm sobre sua sexualidade. “Não me importo”, diz o sempre simpático ator.

Você parece ter se divertido com O Rei do Show. Ah, sim. É um papel que não começou comigo, mas que chegou até mim sete anos atrás, por meio de Laurence Mark. Eu amei o personagem, a história, essa ideia do nascimento do show business. Já tinha feito papéis similares no palco, mas nunca tinha tido a chance de fazer no cinema. Era uma oportunidade rara. Foi bastante trabalho, mas me diverti muito.
Por que gostou do personagem? O que achei interessante e inspirador em P.T. Barnum é que ele é complexo, imaginativo, que falava frases dignas de estampar adesivos. Mas ele lutava sujo às vezes também. Quando perdia, perdia espetacularmente, quando ganhava, ganhava espetacularmente também. Arriscava-se muito. E via possibilidades no mundo que ninguém mais enxergava. Respeito muito isso. Uma coisa é ter a visão, outra é realizá-la.
Qual o maior risco que tomou no showbusiness? Acho que foi apresentar o Oscar. Foi assim que pareceu para mim na época. Não sei por quê. Talvez por causa do bilhão de pessoas assistindo pela televisão! Tinha feito coisas no palco, mas não sou Billy Crystal. Não sou comediante. Tinha mais a perder do que ganhar. Mas tive um momento de P.T. Barnum e pensei: “Quando estiver no meu leito de morte, realmente vou me arrepender se não fizer”. Se a gente fizer só o que é seguro… Não sou exatamente como Barnum, mas resolvi arriscar.
Apesar de a história se passar no século 19, o filme tem elementos bem contemporâneos. Por quê? Barnum fez coisas inovadoras na época, como marketing, shows, circos. Então não parecia adequado fazer um filme de época. Se ele estivesse vivo hoje, não ia querer que as músicas fossem do século 19. Eu posso garantir que minha filha de 11 anos de idade não ia querer ouvir isso, não importa a qualidade. Ele era populista, ia querer músicas que fossem do gosto de todos. Desde o princípio, fomos atrás de artistas de hoje, como Bruno Mars, Pharrell Williams, Macklemore. Nós os abordamos, eles mostraram músicas, nós fizemos testes. Mas gradualmente esses dois jovens compositores da Broadway ganharam força. Tivemos de convencer o estúdio, porque eles tinham apenas 26 anos. Chegamos a dizer que tinham ganhado o Tony, o que não era verdade – mas agora é. No fim, eles produziram as melhores canções. Mas parecia o certo fazer algo moderno, fresco, novo, cool. Porque Barnum não ia gostar de ser peça de museu.
Você mencionou sua filha, que consome a era de agora em música. Qual foi a sua era? Para mim, como para a maioria das pessoas, foram meus anos de ensino médio. Então anos 1980. Mas eu sempre digo que tenho o gosto musical de uma adolescente. Amo Wicked, por exemplo. Minha filha ama a música deste filme, eu também. Todo o mundo que ouve gosta.
Você é fã de musicais, não? Sim! Eu vou muito e adoro. Fui ver Dear Evan Hansenpela segunda vez. Claro que quando um musical é ruim é igual a uma meia fedida de adolescente! Também por isso não são feitos com tanta frequência

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