segunda-feira, 1 de maio de 2017

“Baleia Azul” é um manual à morte


O jogo de automutilação que tem desafiado jovens à morte, em todo o mundo, já deixou mais de 130 vítimas na Rússia. Já houve relatos de casos no Brasil. Mas afinal de contas, como é que funciona esse jogo? Aliás, isso é, de fato um jogo?
Pode ser considerado um jogo pelo fato de conter etapas onde, em cada uma delas, o participante é desafiado a cumprir um desafio, que vai desde desenhar a tal baleia numa das partes do corpo até a mutilação em regiões que ficam expostas, e nas que ficam escondidas pela roupa.
A “Baleia Azul” tem sido tratada como jogo, mas eu vejo suas práticas indicarem um manual e um staff às pessoas que tenham leve ou pesada tendência ao suicídio. Afinal, do outro lado tem uma ou mais pessoas me desafiando a ir entrando nesse universo grotesco, o que me faz adentrar a um novo paradigma.



Seria o mesmo que “cozinhar o sapo em fogo baixo” (ele vai se adaptando ao aumento lento da temperatura e, quando “se dá por si”, já foi cozido). As pessoas que vivem em zonas de guerras sofrem certo desconforto no começo, mas depois elas adaptam seus hábitos e conseguem levar a vida o mais tranquilo possível.
As pessoas que estão mais vulneráveis são aquelas que já perderam o gosto de viver pelo fato de já terem passado por muitas decepções ou mesmo que já sofram com algum transtorno psicológico ligado a área da depressão.
Pessoas assim conseguem vislumbrar a vida como um todo e tem consciência de que cedo ou tarde, a morte para ela, e para todos, será um fato inevitável. Adiantar o processo, já que não consegue se dar bem, seria uma “boa”, ainda mais se encontrar apoio para fazê-lo.
A decisão de tirar a própria vida é de foro bastante íntimo, mas que sofre influencias externas. As autoridades precisam dar celeridade ao processo de investigação, captura e punição das pessoas que colocaram esse “jogo” em evidência.
Precisamos estar mais atentos ao sofrimento alheio.  Às vezes o fato de conversarmos e mostrarmos às pessoas que o sofrimento é parte inerente da existência, mas que podemos encará-lo e fazer a vida acontecer de um modo diferente, será um gatilho para que a pessoa tendente à depressão, e ao suicídio, possa fazer uma reflexão profunda sobre si, o mundo e às pessoas a sua volta, passando a entender que elas não estão sozinhas no sofrimento e que podem encontrar apoio para superar as dificuldades.
Quando uma pessoa dá cabo de sua vida, ela não faz mal só à si, mas aos amigos e aos parentes, além de se tornar um exemplo ruim para a sociedade de como não se resolver os problemas pelo “caminho mais fácil”  (da fuga), sem que tenha explorado seu potencial de resolução.

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