sexta-feira, 23 de junho de 2017

A Igreja não é objeto de consumo do mundo moderno

Um mundo globalizado tal como está configurado atualmente é conduzido por uma tendência que privilegia o lucro e estimula à concorrência, mudanças rápidas são necessárias para atender o vazio dos clientes, por isso, o filósofo Bauman chama nossa modernidade de “líquido”, porque, como todos os líquidos, ela jamais se imobiliza, nem conserva sua forma por muito tempo.
Estamos falando de um mundo moderno que sempre nos surpreende, o que hoje parece correto e apropriado amanhã pode muito bem se tornar fútil, fantasioso ou lamentavelmente equivocado. Talvez, o pesadelo da informação insuficiente que fez nossos pais sofrerem foi substituído pelo pesadelo ainda mais terrível da enxurrada de informações que ameaça nos afogar, nos impede de nadar ou mergulhar.
Por exemplo, até a forma de se relacionar mudou nos dias atuais, como estamos na era do consumo desenfreado, na medida em que os relacionamentos são vistos como investimentos, como garantias de segurança e solução de seus problemas, eles parecem um jogo de cara ou coroa. A solidão produz insegurança, mas o relacionamento não parece fazer outra coisa.



Ao falar de uma era do consumo, é preciso entender que o que caracteriza o consumismo não é acumular bens (quem o faz deve também estar preparado para suportar malas pesadas e casas atulhadas), mas usá-los e descartá-los em seguida a fim de abrir espaço para outros bens e usos, a vida consumista favorece a leveza e a velocidade. E também a novidade e a variedade que elas promovem e facilitam, por isso, quando a qualidade o decepciona; você procura a salvação na quantidade. Quando a duração não está disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo.
Esse desenho da sociedade, infelizmente paira sobre nossos grupos de jovens, células e os ministérios eclesiásticos. Pessoas buscam consumir entretenimento nas igrejas; querem o espetáculo pop-rock no louvor, pregações com a alto e fina oratória cativante de uma peça de teatro e ensinos que farão os fiéis ganharem alto estima para o dia a dia. Crentes que buscam consumir o que é mundano nos templos, ou fazem da Igreja as mudanças da sociedade para se sentirem satisfeitos, tornam-se um objeto frágil e se desumanizam.

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