terça-feira, 20 de junho de 2017

O amor de Deus não é de “toda forma”


Está correndo pelas vielas da internet um vídeo de um suposto pastor que subiu num palanque na parada gay, e fez o seguinte discurso“Eu quero dizer, para deixar bem claro aqui, que Malafaia, Feliciano e tantos outros não representam todos os evangélicos do Brasil. Os evangélicos amam, sim. A gente tá aqui para falar que toda forma de amor é abençoada por Deus”.
Eu gostaria de falar desta última fala, a fala do “toda forma de amor…”.
Não sinto o menor prazer em gastar muito tempo nem tantos caracteres com este assunto, mas já faz tempo que eu gostaria de falar do liberalismo teológico no Brasil.



Existe hoje em dia uma onda relativista moral no meio cristão que, para mim, é mais assustadora do que qualquer equívoco neo-pentecostal dos últimos 20 anos.
Já ficou bem claro na mente de todos que existem pastores que vendem milagres, que manipulam as massas alienadas para enriquecerem e que são inimigos do evangelho e da cruz de Cristo; porém, o que temos no cenário atual é mais do que uma apostasia – é uma ofensa gratuita à verdade bíblica e uma forte oposição à ética cristã.
O nome do personagem do discurso bonito de se ver é José, que eu vou chamá-lo carinhosamente (uma vez que ele acha bíblico qualquer tipo de carinho) “Zé”.
Zé gosta de pensar fora da caixinha da religião, o que hoje soa bastante “cult” (ele deve gostar também destes neologismos ridículos e desnecessários), idealiza o ecumenisticismo como um pressuposto válido para a formação de uma assembleia religiosa global, onde a verdade é fragmentada para caber em qualquer mentalidade e, assim, vivermos todos unânimes, num “céu na terra” que mais parece o cumprimento da utopia da paz mundial. Ele idealiza, e a partir dos seus ideologismos, prega o evangelho – ou pensa que prega.
O que o Zé quer é causar; quer unir todo mundo para que vivamos todos juntos a “lei do amor”, mesmo que alguns tipos de amor firam gravemente a Lei.
Então, para ele, deve funcionar assim: “Deus é uma concepção humana; logo, nós o interpretamos para além das Escrituras, e adequamos o discurso a todo público, pois queremos que todos nos aceitem como os bonzinhos e legais que somos. Queremos tanto esta aceitação que somos capazes de jogar no lixo a verdade doutrinária do caráter desse Deus, pois achamos que o amor dele, de alguma forma, dá um jeito de aceitar o nosso pecado.”
Zé me parece gostar de brincar com coisa séria.
Ele disse que “toda forma de amor é abençoada por Deus”. Por que este homem não viveu nos tempos de João Batista? Oras, não seria necessário perdermos um grande profeta da forma que perdemos. João Batista meio que “discordava” do Zé, e talvez por isso tenha tido a sua cabeça numa bandeja para servir de presente para uma jovem dançarina. E tudo começou porque “a forma de amor” de Herodes foi considerada pelo profeta como maldita: Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. (Marcos 6.18). Pobre João! Bastava dizer que tal forma de amor era abençoada que estava tudo certo!
E o xará do Zé, o José, que viveu no Egito? Estava fácil para ele… a mulher de Potifar deveria ser bela… mas o jovem correu, não correspondeu a esta forma de amor… e pagou caro por isso. Foi caluniado e preso injustamente. Parou numa masmorra, o pior lugar de uma prisão daquela época, e quase morreu lá. Pobre José! Bastava ceder a tal forma de amor, que a vida com o seu senhor ficaria até mais fácil! Seria o amante de luxo e não teria mais com o que se preocupar naquelas terras, pois já tinha a confiança total do seu dono.
E o rei Davi? Não poderia ele “amar” a Bate Seba? Por que não, se toda forma de amor é abençoada por Deus? Podia, ué? E talvez ele deva ter feito o correto, só que a criança que foi gerada desta relação adúltera infelizmente morreu. No entanto, gente como o Zé não liga muito para a morte de bebês, então está tudo nos conformes do ideal do pastor.
É meio escatológica a linguagem que utilizo e ficam meio que evidentes as minhas ironias, mas é o cúmulo de tudo o que é patético um homem que se intitula pastor assumir uma tribuna de um movimento social que odeia a fé, a ética e a filosofia cristã para dizer tudo aquilo que eles querem ouvir, apenas para ser aceitos por eles.
É o auge do egoísmo (doença do ego); é querer ganhar as pessoas a qualquer custo – mesmo que custe o próprio evangelho. Não pensa nem um pouco em glorificar a Deus, o seu caráter e sua Palavra, mas idealiza torná-los cada vez mais soberbos com a vida que vivem, exaltando suas intelectualidades e batendo palmas para toda a perversidade da qual a sua fala abriu precedentes.
Não adianta depois dizer que “não quis dizer isso”, pois uma frase com esta (“toda forma de amor é abençoada…”) vindo num contexto como este tem sim esta volição maligna, anticristã e depravada. A este homem, que tão somente possa se arrepender de tal apostasia e aos que o aplaudem e se dizem cristãos: vocês são, unidos a ele, uma vergonha ao verdadeiro evangelho de Cristo.
O pecador é alcançado pelo poder da graça de Deus, pelo seu Espírito, e não precisa de falsos mediadores que acabam, com discursos como este, colocando uma barreira ainda maior para que muitos homens e muitas mulheres cheguem ao conhecimento da verdade.

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