sexta-feira, 16 de junho de 2017

O patrimonialismo brasileiro e seus males

A herança patrimonialista brasileira (onde o bem público e o privado se confundem, no que se refere ao jeito de agir dos políticos)  tem origem no modus operandi dos conquistadores europeus, vide o que escreveu o literário e cientista político Raymundo Faoro no livro “Os Donos do Poder: A formação do Patronato Brasileiro”: “A Coroa conseguiu formar, desde os primeiros golpes da reconquista, imenso patrimônio rural (bens “requengos’, “regalengos”, “regoengos”, “regeengos”), cuja propriedade se confundia com o domínio da casa real, aplicado o produto nas necessidades coletivas ou pessoais, sob as circunstâncias que distinguiam mal o bem público do bem particular, privativo do príncipe (…)”. 
(Possivelmente o escritor se inspirou em Max Weber – 1984 a 1920 – que foi quem cunhou o termo).
Diante disso, vale uma reflexão sobre se o que abraçamos (mesmo que de modo inconsciente) da constituição histórico-cultural, sob a qual fomos forjados, vale mesmo a pena ser mantido.



O patrimonialismo tem nos feito muito mal, pois, segundo pesquisas, no Brasil, são consumidos, anualmente, cerca de R$ 200 bilhões pela corrupção. É um dinheiro que poderia ser investido em melhorias nas áreas de saúde, educação, tecnologia, infraestrutura e etc.
Se não nos atentarmos para este fato de um modo a buscarmos sua modificação, em breve teremos outro “petrolão”, assim como, num passado recente, já tivemos um “mensalão”. O que é público, não significa que é meu tão somente, ou de um grupo em especial, mas deve ser usado para beneficiar a todos, a exemplo dos recursos advindos dos impostos. Esta é uma verdade simples que deve orientar a atuação política, mas que continuará a ser ignorada enquanto não surgir uma nova mentalidade em nossa gente.
“Se você continuar a fazer o que sempre fez, vai continuar a conseguir o que sempre conseguiu”. Esta frase famosa dita por Anthony Robbins parece ser o resumo do inconsciente coletivo brasileiro, que sofre sempre por errar onde sempre erra. Seguir o que as gerações passadas seguiram é muito fácil muito simples, mas sempre nos colocará em maus lençóis, nos trará sempre resultados “amargos”, como a crise de representatividade, a instabilidade política, o descrédito perante outras nações, o falta de atrativos para investimentos (que não são da ordem natural, claro), o desemprego e tantos outros males.
Concluo meu texto citando um versículo bíblico para a reflexão: “O rei pela justiça estabelece a terra; mas o que exige presentes a transtorna” (Pv 29.4). O exercício do governo nunca é para o beneficio próprio. Ainda há tempo de mudar. Mas se isso não acontecer, continuará sendo possível forjar a bem nova geração que atuará nos meandros do poder futuramente. Você que pensa, seja o exemplo para os mais jovens, diga-lhes que o status quo/estado atual das coisas é uma realidade  que só nos tem feito mal.

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