segunda-feira, 24 de outubro de 2016
A crise é apenas um ponto de convergência
O Brasil, obviamente, está vivendo um período de crise – o que não é novidade para ninguém. Mas o que tenho visto se repetir ao longo desses 28 anos dessa minha existência é o fato de que nós, os brasileiros, sempre demoramos a sair das crises. E não digo só da financeira, mas das crises que nos acomete em todas as áreas da vida. E, esse sair tardiamente das crises, acaba nos legando algumas perdas que poderiam ser evitadas.
A primeira coisa que todos nós deveríamos aprender sobre a crise é que ela é um ponto de convergência, onde mudanças são exigidas, quer sejam nos hábitos alimentares, modelos de administração, modo de se relacionar, negócios nos quais investir e etc. A crise é o sinal de que algo precisava, com urgência ou não, ser mudado para haver uma continuidade.
Exemplo: quem come muito e tem propensão a engordar, se deparará com a crise que alguns problemas de saúde lhes apresentarão, que é quando será o momento de efetuar mudanças nos hábitos alimentares, passando a fazer caminhadas ou qualquer outra prática de exercícios para retomar a saúde, que pode se esvair de vez.
A crise chega e nos assola por duas razões: 1. Pela nossa crença na falsa estabilidade; 2. Pelo nosso apego romântico.
A estabilidade, sobretudo empregatícia, tem sido pregada e difundida com bastante veemência em nosso meio, com o afã de levar nossos jovens a fazer concursos públicos, pois no emprego público há, como afirmam, a tal estabilidade. Mas, como podemos notar, sem se quer citar pesquisas cientificas, apenas pelo modo empírico de ver o mundo, é que nada é estável. Tudo está mudando a todo o momento.
Em países europeus, nessa última crise, o funcionalismo público precisou mandar muita gente embora, pois os recursos estavam escassos. Assim como as empresas, em certos períodos fazem contratações em larga escala, na crise, de igual forma, demitem. Hoje está com boa saúde, mas amanhã pode vir a ser acometido (Deus o livre) com algum tipo de vírus. Hoje sua cidade está linda e maravilhosa, mas amanhã ou depois um vendaval pode destruir casas, um terremoto atípico pode abrir crateras, uma represa pode se romper e causar destruição em massa. Não há estabilidade.
Mas uma coisa é interessante quanto a não haver estabilidade, pois essa realidade vale tanto no sentido positivo quanto no negativo. Nada vai ficar ruim para sempre assim como nada vai ficar bom para sempre. Vencendo esse mito, esse paradigma da falsa estabilidade, é preciso vencer ainda outro.
O apego romântico, nada mais é do que a realidade de que nós gostamos daquilo que nos agrada. E, nos momentos de crise, quase sempre, precisamos abrir mão do que nos agrada, voluntariamente ou porque somos forçados. E é nesse momento onde muita gente se prende a uma pessoa, a um objeto, a um emprego, a um padrão de vida, a um jeito de ser e enxergar a vida, atrasando, assim, sua saída de maneira mais rápida da crise.
A morte de um amigo ou da pessoa amada é também um momento de crise, onde precisaremos adaptar nossa vida sem a presença daquela pessoa junto conosco, no nosso quotidiano, pois ela se foi – e para sempre.
Quando somos muito apegados a quem faleceu, acabamos, por um longo período de tempo, “morrendo” junto com aquela pessoa também. Sei que o exemplo não é dos mais clássicos, mas ilustra de maneira bastante compreensível, pois todos já vivenciamos a crise gerada pelo luto. Quanto mais rápido a gente abraçar a realidade de que a pessoa que se foi, que o padrão de vida que nos foi tirado e etc. já não estão mais conosco, mais rápido sairemos da crise.
Tem gente que, no período da crise, ao ser mandado embora do emprego de gerente de Banco, demora até anos para conseguir um novo emprego, justamente porque não quer abdicar da profissão –mesmo que temporariamente –, quer seja por orgulho ou mesmo pela paixão de viver fazendo o que gosta. O que temos de gostar, que amar, é de viver, pois se assim o for, não teremos dificuldades em ganhar a vida – desde que honestamente – no emprego ou pelo meio que seja.
Se você está vivendo uma crise, pare para entender para qual lado ela está te levando a convergir. Siga a onda, convirja, faça o que é preciso ser feito, pois, assim, a crise não será mais um problema, mas lhe apresentará um novo jeito de viver e ganhar a vida.
* As opiniões expressas nos textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores
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