A colunista do Estudar Fora, Clara Bianchini, é ex-aluna do Mestrado em Imagineering na NHTV University em Breda, na Holanda, e contou como foi a sua experiência.
Escolher a universidade dos sonhos para estudar fora do Brasil é uma tarefa que requer alguns cuidados. Muito se baseiam apenas na oferta de bolsas, no nome da universidade e no nome do curso. Entretanto, existem alguns critérios de seleção a mais, que acredito serem fundamentais também.
1) Empregabilidade
Bom, você sabe quem é, hoje. Mas quem você quer se tornar quando terminar esse curso ao qual está prestes a se candidatar? Um curso universitário tem que servir de ponte ou trampolim, entre a pessoa que você é hoje e a pessoa que deseja se tornar no futuro. Por isso, procure informações sobre o tipo de profissionais os ex-alunos desse curso se tornaram. Por exemplo, eu fiz um mestrado de inovação de negócios chamado Imagineering na Holanda, e no próprio site do curso eu tive acesso aos ex-alunos, a suas histórias depois de se formarem no curso e pude até conversar com eles.
Além disso, havia uma lista de como os ex-alunos viam a aplicabilidade dos conhecimentos obtidos durante o curso no mercado de trabalho, e que cargos eles haviam alcançado depois de formados. A maioria tinha se tornado consultora de empresas – ou seja, profissionais liberais e/ou empreendedores. Por isso, eu acredito ser muito importante que você leve em consideração este critério de avaliação na hora de fazer a sua escolha. Para que não invista tanto tempo estudando algo que não irá ajudá-lo a se tornar o profissional que deseja ser.
2) Tipo de diploma
Este assunto também é muito importante, ainda que eu saiba como poucas pessoas levam em consideração. Às vezes, estamos tão empolgados para estudar fora, para conhecer um país novo, uma nova cultura, que acabamos não pensando no longo prazo.
Em geral, em outros países, os diplomas possuem níveis diferentes dos nossos, no Brasil. Por exemplo, já vi universidades da Europa dizendo que você terá um diploma de mestrado, mas aqui no Brasil ele pode ser considerado um MBA – ou seja, um lacto sensu. Assim, você não irá conseguir validá-lo aqui no Brasil, e não conseguirá iniciar um doutorado em seguida.
Por isso, pesquise e questione a universidade sobre o tipo de diploma que você irá receber, e se eles sabem a equivalência dele no Brasil. Assim, evitamos frustrações no futuro por culpa de nomenclaturas dos diplomas, que parecem a mesma coisa, mas não são. Mesmo que você não pense, hoje em dia, em fazer um doutorado, eu aconselho a fazer esta checagem. Evoluímos com o passar do tempo, e nossas opiniões podem mudar também. Então, antes de matricular tenha certeza que este diploma irá abrir as portas certas que você deseja!
3) Vivência e aspectos sistêmicos
A cultura do EAD (ensino à distância) chegou com tudo e parece que veio para ficar. Mas, em matéria de bacharelado e de mestrado, acredito ser muito importante que a universidade possa proporcionar vivências práticas, de contato com a teoria. Isso porque um ponto fundamental é o networking, que você pode ampliar com ajuda da universidade – indo a lugares aos quais nunca iria, e conhecendo pessoas que nunca conheceria, graças à universidade.
Por exemplo, na universidade em que estudei na Holanda, tive uma aula de inovação dentro do prédio da Microsoft em Amsterdã, e conversei com pessoas que trabalhavam lá. Tive aulas também com profissionais de inovação holandeses, que trouxeram para a sala de aula laboratórios de inovação iguais aos que eles tinham nos seus clientes.
Além disso, para escrever minha dissertação final, eu tive que estagiar dentro de uma empresa holandesa por quatro meses, e escrever sobre o processo de inovação que implementei lá. Com algumas dessas pessoas e empresas eu tenho contato até hoje. E eu só fiz esses contatos pelas experiências que a universidade me proporcionou.
4) Respeito à individualidade
Muitos cursos da Europa e Estados Unidos já abraçaram essa tendência. Ou seja, que o aluno possa aprender e levar os estudos do seu jeito e no seu ritmo. Existem cursos com grade aberta, em que se pode escolher as disciplinas a fazer ao longo da trajetória acadêmica. Na universidade onde estudei, os cursos de bacharelado eram assim. Ao fim de quatro anos, cada estudante tinha customizado o ensino do jeito que achava melhor.
Já nos cursos de mestrado, tínhamos encontros quinzenais com um professor orientador, para traduzir a nossa individualidade no aprendizado e na dissertação que estávamos elaborando. E também encontros quinzenais com outros estudantes da sala, para que pudéssemos mapear o ritmo de nosso aprendizado. Pesquise se a universidade onde quer estudar possui tal sistema, para que você possa se desenvolver por completo durante a experiência de aprendizado. Acredite, isso terá muita diferença depois, quando for implementar na prática o que aprendeu.
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